quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O "código de ética" do futebol e os salários dos jogadores



Os principais clubes brasileiros possuem um acordo visando eliminar o "assédio" aos jogadores de suas categorias de base. No Brasil, o primeiro contrato profissional só pode ser assinado aos 16 anos. Isso implica que, quando chega a essa idade, um garoto está livre para assinar com qualquer time. E seu time formador fica sem qualquer compensação, caso não cubra a melhor oferta do mercado. Esse "código de ética" foi estabelecido com o objetivo de proteger o clube formador da concorrência.

Recentemente houve acusações de desvios desse acordo. Isso gerou um movimento, no qual os clubes que se sentiram lesados ameaçavam esvaziar as principais competições de categorias de base no Brasil. Aparentemente, a poeira está baixando e um novo pacto está sendo costurado. Para mais detalhes, veja aqui, aqui e aqui.

Não quero aqui entrar na discussão de quem está certo ou errado. Até porque não tenho informação para tanto. Nesse debate, cada parte vai sempre contar a história de modo a justificar sua posição. E nunca saberemos o que de fato aconteceu. Meu objetivo é apenas analisar quais as possíveis consequências do acordo.

Primeiro: certamente perdem os jogadores que hoje assinarão seu primeiro contrato. Isso porque diminui a competição entre os clubes para contratar talentos, reduzindo assim seus salários. Um corolário direto é que aumenta o retorno de investir na formação de jovens, dado que há mais garantia de que o clube não perderá o jogador no futuro.

O mais interessante é o que ocorre com os mais jovens (incluindo os que ainda nem nasceram), os quais potencialmente se tornarão profissionais no futuro mais distante. Por um lado eles perdem, pela redução de seu poder de barganha causada pelo acordo dos clubes. Por outro lado, sua produtividade aumenta, dado que os clubes estão mais dispostos a investir em sua formação, contribuindo para elevar seu salário esperado no futuro.

O efeito líquido, no fim das contas, depende de quanto o investimento do clube afeta a produtividade do jogador. Se esse efeito for forte, é mais provável que os futuros jogadores ganhem com o acordo dos clubes. Mas se outros fatores forem determinantes (como talento inato), eles acabam perdendo.

4 comentários:

  1. Isso é comparável ao assédio que o Marcio Holland fazia com os ingressantes da ANPEC, mesmo após combinar com os demais departamentos que tal assédio estaria proibido?

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  2. kkkkkkkkkkkk

    Márcio Holland = SPFC
    Que fase!

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  3. Meu palpite é que o efeito final é ruim pros jogadores. O investimento do clube é mínimo e cobre o básico pros caras aparecerem no treino. Duvido que faça diferença alguma. É só ver o estado físico e psicológico deplorável que esse pessoal sai dos times de base logo que entram no profissional. O Neymar por exemplo pesava uns 25Kg e o Robinho até hoje não aprendeu a ter disciplina mental.

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    1. Claro que não. O clube terá a garantia que aquele jogador será um "patrimônio" no futuro, então ele vai investir. Hoje o investimento é mínimo justamente porque o clube não sabe se vai ter retorno daquele investimento.

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