quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Casamento causa desigualdade de renda?


Casais tendem a se conhecer na escola ou no ambiente de trabalho. Isso faz com que marido e esposa tenham características semelhantes em termos de habilidade ou capital humano. Por exemplo, se duas pessoas começam um relacionamento na faculdade, elas terão educação de qualidade semelhante. Na literatura, esse fenômeno é conhecido como "assortative mating".

No mercado de trabalho, isso implica forte correlação entre a renda de homens e mulheres, quando se analisa uma cross-section de casais.  Em outras palavras, pessoas ricas tendem a se casar com pessoas ricas. E pobres com pobres. Assim, essa tendência pode explicar parte da desigualdade entre famílias.

O paper recente de Jeremy Greenwood, Nezih Guner, Georgi Kocharkov e Cezar Santos analisa empiricamente essa questão para os Estados Unidos. Primeiramente, os autores notam que o fenômeno de "assortative mating" tornou-se mais acentuado na segunda metade do século XX: a correlação entre educação de homens e mulheres na cross-section de casais aumentou significativamente no período.

Outro resultado interessante: se o grau de "assortative mating" (casamento entre similares) não tivesse se alterado, a desigualdade (medida pelo índice de Gini) permaneceria praticamente constante entre 1960 e 2005.

Claro, esse exercício é basicamente contábil. O aumento do "assortative mating" não é necessariamente exógeno. As decisões de casamento, educação e ocupação das pessoas estão interligadas, e dependem do salário de mercado. Esse último, por sua vez, dependerá também das ações dos indivíduos em equilíbrio. Mas isso fica para um post futuro.

Link para o paper aqui. Veja também a matéria no Wall Street Journal.

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